Tuesday, July 25, 2006

UHF

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Com uma longa e prestigiada carreira, os UHF são, sem sombra de dúvida, uma referência cultural portuguesa e um marco no Rock que por cá se fez e se vai, ainda, fazendo. Sendo incontornáveis para todo e qualquer melómano que se preze, urgia apresentá-los nestas páginas e tentar saber um pouco mais sobre o que ainda os motiva.

S.M.: Como é compor, ao fim de todos estes anos?
UHF: Ainda é uma descoberta e um desafio, é a procura do muito belo a partir do nada, de uma ideia, de umas palavras, de uns acordes. Quando se concretiza a ideia é fantástico; é o acto da criação pura.
S.M.: Desde os inícios que a componente poética é parte indissociável dos UHF, facto que os destaca(va) de muitas bandas. Crêem que é, de facto, uma imagem de marca vossa?
UHF: Penso que a preocupação e o rigor colocados na componente poética colocou sempre os UHF num patamar de comunicação muito próprio, seja a mensagem provocatória, a denúncia ou a mera observação. Sou uma espécie de fotógrafo com palavras.
S.M.: Sendo o António Manuel Ribeiro o único sobrevivente da formação original (e de outras), e mesmo já tendo editado trabalhos a solo, há quem acuse os UHF de serem isso mesmo, um projecto a solo de AMR. O que dizem disto?
UHF: Já editei 2 CD’s a solo e outras coisas a avulso. Há uma diferença enorme entre o faço com os UHF e o que realizo a solo. Não o ver é não querer ver e contra isso nada posso fazer. Cada um vê o que quer ou o que pode. Sobre a “acusação” nada tenho a acrescentar. As pessoas dizem o que quiserem dizer, o que não significa que percebem do assunto ou conhecem o que vai dentro desta casa. Somos figuras públicas habituadas a tudo: elogios, críticas e disparates.
S.M.: Haverá outro disco a solo de AMR ou os UHF preenchem todas as expectativas e necessidades enquanto músico e compositor?
UHF: Depende do tempo certo para fazer uma coisa ou outra: gravar a solo, que faço de tempos a tempos, ou com os UHF, que é a minha vida de todos os dias. Sou um compositor muito prolífero, havendo sempre muito material para editar. Acrescento ainda que escrevo regularmente sobre música e/ou sobre política, tenho três livros editados e preparo o quarto.
S.M.: Uma carreira tão longa tem, como é lógico, os seus pontos altos e baixos. Houve momentos em que já apeteceu por um fim a tudo e seguir outro caminho?
UHF: Oh se houve! Às vezes é muito difícil ser-se português em Portugal e como eu não padeço do complexo judaico-cristão do sofrimento… Claro que o meu lado organizado (por cá uma imensa virtude), a teimosia e disponibilidade criativa fizeram-me sempre regressar às cordas da guitarra.
S.M.: Sendo um dos poucos sobreviventes do chamado "boom" do Rock português, cria isso, nos UHF, alguma pressão para uma evolução constante? Cria algum tipo de sensação de responsabilidade acrescida?
UHF: Não, pessoalmente não sinto nada disso. Por vezes olho para trás e pasmo com coisas muito bonitas e avançadas que fiz numa certa época. Outras vezes, repiso sobre os disparates que não soube resolver. Mas a vida criativa é isso mesmo: almejar o perfeito impossível! É o desafio que dá gozo e nos mantém vivos.
S.M.: Os UHF têm, ainda hoje, a capacidade invejável de criar canções que se tornam hinos, e que como tal se mantêm, independentemente da passagem dos anos. Será essa a chave para a vossa longevidade?
UHF: Não recebendo subsídios estatais, não vivendo da publicidade nem das “amizades” ou da mentira à escala nacional, se estamos cá, se, ano após ano, convencemos quem nos vê em palco, tudo isto se deve às canções de sucesso e ao trabalho continuado na procura da felicidade que uma canção e depois outra proporcionam em nós, primeiro, e no público, depois.
S.M.: Hoje em dia, os UHF ainda palmilham o "país profundo", actuando um pouco por todo o lado. Até que ponto é diferente a nível de sensações e de público?
UHF: Com alguma ironia digo: hoje temos muitas canções por onde escolher e gente que já nos conhece profundamente. Esta é a grande diferença. Saber o que isto vale tornou-nos profissionais sérios mesmo a brincar.
S.M.: A fundação da AM.RA Discos deu-se com o objectivo de conseguirem um maior controlo sobre o vosso trabalho ou destina-se, essencialmente, à edição de alguns trabalhos que achais que não se enquadrariam no esquema de lançamentos "normais" dos UHF? Pretende, também, editar trabalhos de outros artistas?
UHF: A AM.RA Discos deu-nos a possibilidade de, finalmente, sermos proprietários da nossa obra e termos a liberdade de fazer quando e como nos dá na gana, à semelhança do que no estrangeiro outros nomes com carreira o vêm fazendo. Naturalmente que pensamos vir a editar outros artistas.
S.M.: O livro de poemas dos UHF constituiu um marco na vossa carreira, a partir do qual se pretende dar um novo passo em frente?
UHF: Para os fãs, para os mais novos e para os com pouca memória, editei “Cavalos de Corrida – A Poética dos UHF” com pompa e circunstância. Para se chegar a um livro destes é preciso: primeiro, ter uma obra, depois, conteúdo e, a seguir, vontade quixotesca na aridez circundante.
S.M.: Ainda recentemente (2003), os UHF lançaram um duplo álbum conceptual, o "La Pop End Rock", uma "ópera" que, sendo autobiográfica, percorre muitos caminhos, sonoridades e emoções. Pretendem seguir de novo o caminho do conceptualismo?
UHF: Perdoe-me a frontalidade mas “La Pop End Rock” é uma ópera sem aspas e, seguindo a estética e o formato do género, servida por um libreto e várias personagens. Não é um trabalho conceptual; é uma Ópera, ponto final. É a minha obra-prima e não ponho de parte a ideia de repetir o desafio. Naturalmente que este género me permitiu “voar” como compositor e esse foi o gozo maior do criativo.
S.M.: O vosso último longa duração ("Há Rock No Cais"), aproxima-se mais das vossas raízes do que outro qualquer. Pode-se ver nisso alguma influência de terem feito a vossa "autobiografia" no anterior trabalho?
UHF: Em termos musicais sim, ou seja, o quarteto bastou-se a si próprio. Era uma vontade do grupo aplicar esta fórmula, regressar às origens. Se somos quatro em palco e chegamos, transportámos o conceito para o estúdio. Rock puro e cru e uma balada de enorme sucesso.
S.M.: Este último longa duração viu, também, os UHF com uma energia e garra que transmitem uma atmosfera "ao vivo" muito forte, muito directa. É, de facto, nos palcos, que os UHF se sentem melhor e são mais eles mesmos?
UHF: São duas abordagens diferentes: no estúdio repete-se até sair bem; no palco é à primeira que se convence a audiência e está tudo dito. Mas é um facto que o grupo está sempre com fome de palco, vivendo intensamente cada concerto, o entusiasmo das pessoas, a vida na estrada que nos cimenta enquanto equipa – nós e os técnicos –, o desafio de querer chegar mais longe no desempenho. Nós somos assim: o melhor concerto é o que vem a seguir.
S.M.: A pergunta cliché: que novidades podemos esperar para breve?
UHF: Muitas e boas, algumas que posso divulgar e outras não. Para já, a reedição do “Há Rock no cais” em formato duplo, concertos por todo o lado e dois Coliseus (Lisboa a 23/09 e Porto a 5/10) para gravarmos o primeiro DVD e o terceiro disco ao vivo.

Para os interessados, aqui fica um contacto:
http://www.uhfrock.com/

3 Comments:

Blogger ARISTIDES DUARTE said...

UHF sempre . Rock. Português. Sem nenhuma atenuante...

6:15 PM  
Blogger RockPoet said...

porreiro ver que tornaste a por o teu blog no activo. continua o bom trabalho. abraço dos ROCK POETS. ROCK ON!!!

9:01 AM  
Blogger Isabel said...

A ver se colocas umas imagens nisto... assim custa imenso a ler...
Bacci

12:22 PM  

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